terça-feira, 27 de julho de 2010

Obá Odu

Faz muito tempo que não piso meus pés descalços na terra,no seio da terra,natureza viva sobre realidade morta.

Se foram décadas desde meu último sobressalto,desde minha última síncope de razão,de verdade.

Não me recordo das flores e do seu cheiro,das cores e suas formas,dos lugares que já passei,dos desertos que ficaram pra trás,das esquinas que vi se formarem onde antes não havia tanta pobreza,onde havia cores que morreram para dar lugar ao cinza.

Quanto tempo tem que eu não vejo mais a vida verde,as criações brancas,o infinito azul,o pulsante vermelho de todos nós,do calor amarelo,a leveza cor-de-rosa que pairava no ar,o ocre da terra firme,os tons diversos que habitavam e abundavam esses lugares?

A areia escreve a mudança das coisas,o destino é o passo que se segue após outro passo,o espaço é o que se constrói,é o que se vale enquanto se pensa que vale,a rota é vento que diz,a vela aceita a direção e vai,e vamos todos nós,que ainda existimos,junto com ela...

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